Governo quer atores não estatais no processo decisório da COP30

Grupo deverá dialogar com movimentos, mas ainda sem saber se governo está criando uma ferramenta real de participação ou apenas um espaço de escuta sem impacto prático na conferência.
Imagem: Divulgação/Governo

O ministro Márcio Macedo, da Secretaria-Geral da Presidência, assinou, nesta segunda-feira (17), uma portaria que institui o Grupo de Trabalho Técnico (GTT) para coordenar iniciativas que fortaleçam a participação social na 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP30), marcada para novembro, em Belém (PA). No entanto, ainda não está claro se a presença de atores não estatais no evento terá influência real nos processos decisórios ou se se limitará a um papel consultivo.

“Acabo de assinar a portaria que cria o Grupo de Trabalho Técnico para coordenar as iniciativas que garantirão a participação social na COP 30. Sob a liderança do presidente Lula, o Brasil sediará esse importante evento global, garantindo que a voz da Amazônia e da sociedade civil seja ouvida na definição das políticas de enfrentamento às mudanças climáticas”, declarou Macedo.

Com a demanda, explicou o ministro, “este grupo vai dialogar com os movimentos para assegurar a participação social na COP”.

Participação

O GTT foi criado com a promessa de fortalecer a influência de atores não estatais na COP30, estabelecer diretrizes para ampliar a participação social, intermediar diálogos com a sociedade civil nacional e internacional e apoiar iniciativas do setor. Entretanto, as reuniões do grupo serão mensais e não há previsão de remuneração ou de um mecanismo que garanta a efetividade das sugestões apresentadas pelos representantes da sociedade.

Para Jorge Santana, coordenador executivo do grupo, a criação do GTT representa um “pontapé inicial” para garantir a participação da sociedade civil nos diversos fóruns da conferência. Ele será acompanhado pelos secretários nacionais Kenarik Boujikian (Diálogos sociais e articulação de políticas públicas), Renato Simões (Participação social), Ronald Santos (Juventude) e Wagner Caetano Oliveira (Relações político-sociais), além de técnicos da Secretaria-Geral.

Incerteza sobre impacto real

Embora o governo ressalte a importância do grupo para a ampliação da participação social na COP30, sem mecanismos concretos de influência, a medida pode se tornar meramente protocolar. A COP30 é um evento internacional de peso, e a definição de políticas climáticas geralmente envolve negociações entre governos e grandes players econômicos, deixando pouco espaço para que atores não estatais tenham poder de decisão efetivo.

A sociedade civil e os movimentos ambientais agora aguardam as próximas etapas para entender se o grupo será uma ferramenta real de participação ou apenas um espaço de escuta sem impacto prático nas decisões que serão tomadas durante a conferência.

Com informações da Agência Gov.

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