O presidente da 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (COP30), embaixador André Corrêa do Lago, divulgou nesta segunda-feira (10) uma carta convocando a comunidade internacional para um “mutirão” global contra a crise climática e criticando posturas negacionistas como a do ex-presidente norte-americano Donald Trump. A convocação brasileira ocorre em um momento crítico, após a confirmação de que 2024 foi o ano mais quente já registrado, superando a média global de 1,5°C acima dos níveis pré-industriais. Com isso, a COP30, marcada para novembro de 2025 em Belém, busca ser um ponto de inflexão na luta contra o cinismo climático, finalmente, um discurso favorecido pela ausência do líder dos Estados Unidos.
Durante seu governo, Trump retirou os Estados Unidos do Acordo de Paris e minimizou a gravidade da crise climática, dificultando o avanço de soluções ambientais globais, com isso, não é aguardado para a cúpula. A carta destaca a urgência da cooperação internacional para acelerar a implementação de soluções climáticas e rejeita o cinismo político que compromete o futuro do planeta.
O embaixador criticou o cinismo climático e o negacionismo que ainda persistem em algumas lideranças globais, reforçando que posturas como a de Trump são um obstáculo para o avanço das soluções ambientais. “A mudança é inevitável – seja por escolha ou por catástrofe. Se o aquecimento global não for controlado, a mudança nos será imposta, desestruturando nossas sociedades, economias e famílias”, alerta Corrêa do Lago na carta.
Alavancas para a ação climática
O documento também destaca que, embora tenha havido progresso, ainda há um longo caminho para cumprir as metas estabelecidas pelo Acordo de Paris. Com o livro de regras finalizado em 2024, a COP30 deve iniciar uma nova década de implementação de medidas concretas. O embaixador defende que todas as alavancas possíveis sejam acionadas para garantir avanços nas metas de temperatura, resiliência e financiamento climático.
Uma das prioridades será ampliar o financiamento para mitigação e adaptação, com destaque para o “Mapa do Caminho de Baku a Belém para 1,3 trilhão”, uma iniciativa entre Brasil e Azerbaijão que busca fortalecer os recursos destinados aos países em desenvolvimento voltados para o clima e a conservação da natureza. Segundo Corrêa do Lago, bancos multilaterais de desenvolvimento e instituições financeiras internacionais devem ser reformulados para aumentar sua eficácia no apoio a projetos climáticos.
Outro ponto central da carta é a importância das florestas no combate às mudanças climáticas. Corrêa do Lago destaca que florestas saudáveis promovem resiliência, criam oportunidades para a bioeconomia e fortalecem a segurança climática global. Com a COP30 sediada no coração da Amazônia, o Brasil pretende colocar a preservação ambiental no centro das discussões globais, reforçando a necessidade de financiamento internacional para comunidades que protegem esses ecossistemas.