A Academia Brasileira de Ciências (ABC) e a Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC) enviaram uma carta ao presidente da República cobrando a inclusão da Ciência, Tecnologia e Inovação (CT&I) na organização da COP30, evento que ocorrerá em Belém este ano. As entidades destacam a ausência do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) no Conselho Nacional da COP30 e solicitam que o governo brasileiro reconheça a importância da ciência nas discussões sobre mudanças climáticas, sustentabilidade e justiça ambiental.
O documento, enviado recentemente ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), reitera uma solicitação feita ainda em 2023, na qual pesquisadores e cientistas questionaram a falta de representatividade do MCTI nas esferas decisórias do evento. Embora a carta anterior tenha sido ignorada, as duas entidades fazem um novo apelo, argumentando que a ciência deve ser fundamental nas discussões que definirão o futuro ambiental do país e do planeta.
“Brasil deve priorizar a inclusão da ciência nas discussões da COP30, seguindo o exemplo de sua atuação em fóruns como o G20 e os BRICS, onde a ciência e a inovação têm sido pilares para o desenvolvimento sustentável e a cooperação internacional”, afirmam na carta. Para as entidades, não basta o Brasil ser sede do evento, é preciso garantir que o país desempenhe um papel ativo, com base em evidências científicas, para enfrentar os desafios globais relacionados ao clima.
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Ciência na COP30
De acordo com a ABC e a SBPC, toda decisão sobre mudanças climáticas e políticas públicas deve ser orientada por dados científicos robustos. Isso inclui a compreensão dos impactos das atividades humanas no meio ambiente, o desenvolvimento de tecnologias sustentáveis e a formulação de políticas para a redução de emissões de gases de efeito estufa, além de promover a preservação dos ecossistemas e a adaptação às mudanças climáticas já em curso.
A presença da comunidade científica nas discussões globais não é apenas desejável, mas essencial para que o Brasil se posicione como um líder em soluções para a crise climática. Durante sua participação no G20 e nos BRICS, o país tem defendido a ciência como base para a transição energética e a segurança alimentar, e a integração dessas abordagens na COP30 fortaleceria ainda mais sua liderança internacional.
Crítica
Em 2023, o Conselho Nacional de Ciência e Tecnologia (CCT) foi reinstalado, com o slogan “A Ciência Voltou”, destacando a importância renovada da ciência no desenvolvimento do Brasil. Helena Bonciani Nader, presidente da ABC, e Renato Janine Ribeiro, presidente da SBPC, lembram, na carta, que o governo já reconheceu o papel central da ciência em várias áreas do país. Agora, eles apelam para que essa visão se reflita também na política ambiental, especialmente no contexto da COP30.
“Se a ciência realmente voltou, então chegou o momento de colocá-la no centro das decisões que moldarão o futuro do Brasil e do planeta”, afirmam as entidades. Elas se colocam à disposição para colaborar com o governo e reforçam que a ciência deve ser tratada não apenas como um tema de debate, mas como a base sólida para um desenvolvimento sustentável e equilibrado.
